É com muita dor que venho falar um pouquinho aqui sobre as meninas. Lembro muito bem do primeiro dia de aula de dança de cada uma na ONG.
A Thais e Ana Paula chegaram primeiro, muito tímidas e com uma certa vergonha de participarem da aula, trouxe elas para fazer os exercícios e logo mostraram seus potenciais! Na época estávamos montando a coreografia para apresentação do dia das mães, a música era Trem Bala, no fim da dança todas davam um abraço em suas mães ou responsáveis, foi emocionante para todos.
A Thais tinha muita personalidade, era uma menina de muitas responsabilidades, ela estava sempre cuidando da sua irmã mais nova, Ana Paula, elas eram muito unidas. Thaís gostava de jogar bola, brincar, era o q fazia ela abrir aquele sorrisão lindo!
A Aninha é pequena, mas muito esperta, decorava rápido os passos, e adorava dançar, ela nem sabia disso, descobriu dançando!
A Natiele era uma menina doce, tímida, também, tinha um olhar de índia lindo! Lembro que na primeira aula, ela não participou, por não se sentir a vontade ainda. Conversei com ela, perguntei se não queria mesmo participar, ela disse que não, passaram-se algumas aulas, passaram se mais aulas e ela gostava mesmo era de assistir. (Eu nunca forço ninguém a fazer a aula, acredito que cada um tem um processo diferente para as coisas, cada um no seu tempo). Um dia Natiele foi se sentindo mais a vontade, começou fazendo os alongamentos, aos pouquinhos criando mais confiança, foi evoluindo na aula, ela achava q não tinha jeito para dança. - É assim mesmo que acontece quando a gente nasce na periferia, nos acostumamos com pouco, nos fazem acreditar que não somos capazes, que aquilo não é pra gente como nós, que devemos ficar na platéia, ou ser apoio para aqueles que nasceram pra brilhar, uma enooooorme mentira! Podemos sim ser protagonistas!
Natieli descobriu sozinha e por mérito dela, que a dança também era para crianças como ela, ela foi cada vez mais descobrindo seu corpo na dança, em pouco tempo de aula começou a ter grandes avanços, aquela menina q ficava sentadinha vendo, que no começo duvidava de sí, foi tomando coragem para ser o que sempre foi, uma grande menina!
Deixo aqui essas palavras e espero que as famílias sejam confortadas nesse momento tão difícil!
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Professora Fabiana (do Instituto Muda Brasil)